A notícia* era do início do ano... Turismo alcançou em 2023 o melhor ano de sempre. Os "Valores da atividade superaram os recordes anteriores em hóspedes, dormidas e receitas" e acreditava-se que, em 2024, os números podiam continuar a crescer (algo que será preciso verificar quando o ano terminar, mas palpita-me que SIM!) Um turismo que, apesar de já (felizmente) se fazer sentir em todo o país, continua muito centrado nas áreas urbanas (e, no verão, nos balneares).
Uma cidade de turistas ou uma cidade para turistas?
Esta é uma questão que se impõe cada vez mais nas grandes cidades europeias, sendo que as “nossas” cidades como o Porto ou Lisboa não são exceções. Com o crescimento exponencial do turismo, a cidade parece estar a transformar-se num palco montado para os visitantes (a “Disneylândia”), deixando os residentes na plateia — ou, pior, fora do espetáculo. Até que ponto uma cidade pode equilibrar estes dois mundos sem perder a sua essência?
Por um lado, o turismo traz benefícios inegáveis,
que nós (como professores) estamos “fartos” de explicar na sala de aula: gera
emprego, dinamismo económico, promove a valorização do património e, muitas
vezes, do próprio país, cidade, região ou até rua...
Mas e quando tudo começa a girar em torno dos
turistas e do turismo? Quando os próprios residentes, nascidos e criados num
local, começam a ser “expulsos” para que um “camon” possa dormitar uns dias,
seguido de outro e mais outro… Os preços aumentam, a língua mais falada em
certas zonas deixa de ser o português, e tudo em volta se torna insuportável
para a vida quotidiana de um habitante comum.
Este problema está associado, principalmente, aos
centros históricos das cidades, que se transformam em vitrines impecáveis, mas
muitas vezes vazias de vida autêntica. As rendas disparam, expulsando os
moradores de sempre para as periferias. As lojas tradicionais fecham para dar
lugar a mais um café "instagramável" ou uma loja de souvenirs.
Será esta a cidade que queremos? Uma cidade “de” turistas, onde tudo existe para agradar a quem chega e paga? Ou uma cidade “para” turistas, mas também para quem vive nela todos os dias, quem a constrói e a sente como sua?
“começam as obras, que casa bonita!
começam os guests, fome é infinita
mais um AL, orgulho nacional
corrida sem lei, onde vais Portugal?”
(Fonte: A GAROTA NÃO & CHULLAGE - NÃO SEI O QUE É QUE FICA)
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